Baseado em um livro best-seller, ‘Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Pr-stituída’ foi um dos filmes mais comentados do início dos anos 80, um conto angustiante sobre uma adolescente presa em Berlim Ocidental devastada pelo crime nos anos 1970, sobrevivendo de drogas e da venda de seu corpo. E o aspecto mais chocante do filme é que tudo era verdade. Christiane Felscherinow sobreviveu ao seu calvário e brevemente desfrutou do status de celebridade na Europa e nos Estados Unidos. No entanto, a tentação nunca esteve longe e ela logo voltou aos velhos hábitos, presa e condenada em várias ocasiões por posse de substâncias ilícitas e abuso de drogas. Mas o que aconteceu depois disso? Será que Christiane F. foi capaz de superar seus demônios pessoais?
Siga a sua leitura e reviva a história da garota que chocou o mundo nos anos 1970.
Quem é Christiane Felscherinow?
Christiane Vera Felscherinow nasceu em 20 de maio de 1962, em Hamburgo, Alemanha Ocidental.
A construção do Muro de Berlin
Mas antes que pudesse abraçar adequadamente a cidade de seu nascimento, Christiane e sua família se mudaram para Berlim, também do lado ocidental, uma cidade recentemente dividida física e ideologicamente por um muro. A jovem não tinha ideia das profundas implicações que essa mudança teria em sua vida.
Neukölln, Berlim Ociental
A família Felscherinow estabeleceu-se em Gropiusstadt, um bairro oprimido em Neukölln composto por apartamentos altos onde os problemas sociais eram predominantes.
Berlim Ociental em 1962
Crescer num ambiente tão degradado teve um efeito prejudicial sobre Christiane. Seu pai era alcoólatra e sua mãe passava pouco tempo em casa, já que estava em um relacionamento extraconjugal.
Vida no Bahnhof Zoo
Em seu aniversário de 12 anos, uma Christiane solitária e deprimida já fumava haxixe. Ela buscou refúgio com um grupo de amigos na extensa estação ferroviária de Berlim Ocidental, o Bahnhof Zoo.
Entrevista com a revista Stern
Em 1978, depois de estar vivendo efetivamente nas ruas desde 1975, Christiane Felscherinow concordou em sentar-se com dois jornalistas da revista Stern, Kai Hermann e Horst Rieck.
A vida na marginalidade
O que era para ser uma conversa de duas horas com Christiane se transformou em uma revelação de dois meses, com a jovem de 16 anos fornecendo uma descrição aprofundada de sua vida, bem como de outros adolescentes de Berlim Ocidental durante a década de 1970.
Wir Kinder vom Bahnhof Zoo
Stern publicou uma série de artigos sobre o estilo de vida, muitas vezes perigoso, de Christiane antes de publicar um livro baseado nas entrevistas, Wir Kinder vom Bahnhof Zoo (‘Nós Crianças da Estação Zoo’), em 1979. O livro foi creditado a Christiane, embora tenha sido escrito por Hermann e Rieck.
‘Eu, Christiane F.’ (1981)
Em 1981, o livro foi adaptado para o cinema. ‘Christiane F. – Wir Kinder vom Bahnhof Zoo’ foi lançado no Brasil como ‘Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Pr-stituída’.
Status cult
Dirigido por Uli Edel, o filme é estrelado pela atriz alemã Natja Brunckhorst no papel de Christiane Felscherinow. Logo após seu lançamento, o filme alcançou status de cult.
Influência de David Bowie
David Bowie aparece no filme como ele mesmo, se apresentando em um show. O cantor e compositor também forneceu música para a trilha sonora. Christiane era fã de Bowie e, de acordo com o livro, já o tinha visto no palco em Berlim Ocidental.
Alcançando Hollywood
Para promover o filme nos Estados Unidos, Christiane F. viajou para a Califórnia e participou de uma sessão de fotos do lado de fora do Teatro Chinês, em Hollywood.
Trabalho com Uli Edel
O diretor Uli Edel, cujos filmes posteriores incluem ‘Noites Violentas no Brooklyn’ (1989) e ‘Corpo em Evidência’ (1993), foi fotografado com Christiane Felscherinow em Hollywood enquanto promovia o filme para o público americano.
Um nome para o rosto
Christiane Felscherinow desfrutou de seu minuto de fama com o filme. Na imagem, ela admira as assinaturas, pegadas e impressões de mãos de personalidades populares do cinema que ficam na calçada do Teatro Chinês.
Pasadena, Califórnia
A Califórnia teve um apelo sobre a celebridade relutante e Christiane F. esperava se estabelecer em Pasadena. Mas velhos hábitos são difíceis de superar. Ela foi presa por posse de heroína e ópio e teve que deixar os Estados Unidos.
Natja Brunckhorst
Natja Brunckhorst, por sua vez, foi aclamada por seu papel no filme ‘Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Pr-stituída’.
Fama sufocante
Mas, apesar das críticas positivas e do sucesso inesperado do filme, Brunckhorst se sentiu oprimida por sua fama instantânea. Para evitar atenção indesejada, retirou-se da vida pública e foi para uma escola na Inglaterra. Brunckhorst também estudou na França antes de retornar à Alemanha para completar sua educação.
Ainda na atuação
Eventualmente optando por reingressar na profissão de atriz, Natja Brunckhorst é a única integrante do elenco do filme que ainda trabalha em frente às câmeras, tanto no cinema quanto na televisão. Ela foi fotografada em 2021, no Festival de Cinema de Hamburgo.
O que aconteceu depois?
E Christiane Felscherinow? Assim como Natja Brunckhorst, após o lançamento do filme, ela de repente se viu no papel de celebridade na Alemanha e em outros lugares da Europa.
Os perigos do parque Platzspitz
Depois de promover o filme em Los Angeles e de ser expulsa do país, Christiane F. mudou-se para Zurique, na Suíça. Tentada novamente pelas drogas, ela sucumbiu à heroína e frequentava o famoso parque Platzspitz da cidade. Os belos jardins do passado haviam se degradado numa mistura de lama e agulhas usadas (foto).
Contraindo hepatite C
Foi provavelmente em Zurique que Christiane F. contraiu hepatite C, possivelmente a partir de uma agulha infectada.
Encontro com Alexander Hacke
Ela encontrou alguma estabilidade ao lado do músico Alexander Hacke, baixista da banda industrial alemã Einstürzende Neubauten. Ele é retratado na parte de trás do grupo.
‘Decoder’ (1984)
Hacke e Christiane F. gravaram dois álbuns juntos antes de aparecerem no filme alemão ‘Decoder’, lançado em 1984. O filme contou com o guru da Geração Beat, William S. Burroughs (foto), e uma série de artistas musicais, incluindo Soft Cell, The The, Psychic TV e Einstürzende Neubauten.
‘Christiane F. – Mein Zweites Leben’
Em meados da década de 1990, Christiane F. havia desaparecido dos holofotes. Por isso, foi com grande expectativa que o público e a imprensa a saudou na Feira do Livro de Frankfurt de 2013. Ela estava promovendo seu segundo livro, ‘Christiane F. – Mein Zweites Leben’ (Minha Segunda Vida), que no Brasil ganhou o título: ‘Eu, Christiane F., A Vida Apesar de Tudo’.
Segunda vida, segunda chance
O livro foi muito revelador. Os leitores descobriram que, em 1996, ela deu à luz um menino. No entanto, uma apreensão de drogas em 2008 fez com que ela perdesse a guarda do filho para uma família adotiva (ela era mãe solteira).
Ainda na batalha contra o vício
Em sua apresentação na feira, ela revelou sua batalha contínua contra as drogas, mas se responsabilizou por seu vício.
Christiane F. hoje
Christiane Felscherinow hoje vive com seus cachorros. Escreve, desenha, canta e toca violão. Mas ela não conseguiu largar o vício das drogas. “Nunca quis desistir dele”, admitiu durante uma entrevista à Vice. “Eu não sabia de mais nada. Decidi viver uma vida diferente das outras pessoas. Não preciso da pretensão de parar.”