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Nubank, a startup que impactou um milhão de brasileiros no SPC por uma dívida de R$ 100

A instituição financeira aderiu ao programa Desenrola e agora se compromete a regularizar o histórico de seus clientes com pequenas dívidas, possibilitando a limpeza de seus nomes

O programa “Desenrola” tem como objetivo limpar o nome de até 2,5 milhões de cidadãos brasileiros que estavam inscritos em listas de inadimplentes até o final do ano passado devido a dívidas de até R$ 100. Essa meta será alcançada em parte graças à adesão do banco Nubank à iniciativa. O Nubank, que estava entre os principais responsáveis por negativar o nome de brasileiros por dívidas de pequeno valor, decidiu “desnegativar” seus clientes cujos nomes foram enviados ao Serasa ou SPC por conta dessas dívidas.

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), dos 2,5 milhões de pessoas que foram negativadas por pequenas dívidas pelos bancos, 1 milhão eram clientes do Nubank, representando cerca de 40% do total. Esse percentual é considerado “escandaloso” pela economista e coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim, especialmente levando em conta a relevância do Nubank no mercado financeiro nacional.

O Nubank possui cerca de 73 milhões de clientes, segundo dados do Banco Central. Isso significa que o banco negativou aproximadamente um a cada 73 correntistas devido a pequenas dívidas. Já os demais bancos que aderiram ao programa “Desenrola” – Caixa, Banco do Brasil, Itaú, Santander, Bradesco e outros – têm juntos pelo menos 510 milhões de clientes, dos quais 1,5 milhão foram negativados por dívidas de até R$ 100. Isso equivale a um a cada 340 clientes negativados por pequenos débitos.

É importante lembrar que um cidadão pode ter conta em mais de um banco, o que explica por que o número de clientes das instituições financeiras é maior que a população do país.

De acordo com Ione Amorim, considerando a carteira de crédito dos bancos brasileiros, os números de pequenos devedores do Nubank são significativamente maiores em comparação com outros bancos. De acordo com os últimos dados do BC, o Nubank tem R$ 36,4 bilhões emprestados a pessoas físicas, o que significa que há um pequeno devedor negativado a cada R$ 36,4 mil em crédito fornecido. Em contrapartida, os demais bancos que aderiram ao programa “Desenrola” têm uma carteira de crédito que ultrapassa os R$ 2,5 trilhões, resultando em um cliente negativado por até R$ 100 a cada R$ 1,6 milhão emprestados a pessoas físicas.

Ione expressa indignação com a situação, destacando que a negativação tem causado problemas como dificuldades para obter empregos e alugar imóveis, prejudicando diversas situações que requerem um nome limpo.

Ela acredita que os clientes foram penalizados por pequenos débitos, possivelmente por terem esquecido de pagar saldos residuais de cartões de crédito ou pequenas multas por atraso no pagamento de parcelas de empréstimos. Caso tivessem sido alertados de forma adequada pelo banco, provavelmente teriam regularizado suas situações financeiras.

Fundado em 2013, o Nubank é atualmente o maior banco digital do país, operando sem agências físicas. Sua proposta inicial era oferecer serviços bancários mais amigáveis e cartões de crédito sem taxas de manutenção. Porém, ao ofertar cartões a pessoas com histórico de crédito considerado ruim por outros bancos, parte desses clientes acabou se envolvendo com os serviços e limites oferecidos pelo Nubank, tornando-se inadimplentes.

O economista Miguel de Oliveira, diretor-executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), destaca a campanha agressiva do Nubank para atrair clientes e o fato de muitos correntistas estarem em situação de inadimplência. Ele ressalta que a quantidade de pessoas negativadas impacta a imagem do banco, que antes era associado a uma alternativa mais amigável ao grande sistema financeiro, mas agora acaba encaminhando pequenos devedores para financeiras que oferecem crédito a negativados com taxas de juros exorbitantes, chegando até 20% ao mês.

Fonte
Mídiaplay Comunicações

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